Lá se vão 50 anos desde que os Beatles se separaram, em 1970. Naquele mesmo ano, Paul McCartney lançou McCartney, disco no qual ele escreveu todas as músicas e tocou todos os instrumentos, inclusive em sucessos como Maybe I’m Amazed e The Lovely Linda. Dez anos depois, em 1980, veio McCartney II, repetindo a mesma dinâmica de compor as faixas e executar todos os instrumentos, como Coming Up e Waterfalls. Em comum, os dois trabalhos eram bastante experimentais, com diversas músicas instrumentais e outras eletrônicas, destoando do que ele já havia feito.
Na quarta-feira, 21, de surpresa, o ex-beatle anunciou que vai lançar em 11 de dezembro McCartney III, formando com aqueles outros dois álbuns uma trilogia. Na mesma trilha dos anteriores, o compositor se embrenhou em seu estúdio caseiro, aproveitando a quarentena, para fazer sozinho tudo, no que ele chamou de “rockdown” (mistura de rock com lockdown). Aos 78 anos, o artista continua mais ativo que nunca. Em 2018, ele lançou um novo álbum de inéditas, Egypt Station e, no ano passado, trouxe a turnê Freshen Up ao Brasil.
O novo álbum foi gravado no início do ano, em Sussex, na Inglaterra. A julgar pelos dois anteriores, o novo disco poderá apresentar novas experimentações sonoras do artista, especialmente porque Paul não planejava gravar nada de novo por agora. O trabalho foi elaborado a partir de tomadas ao vivo de Paul nos vocais e guitarra ou piano. As faixas terão como base o overdubbing de seu baixo e bateria. O gatilho para o início das gravações foi a música When Winter Comes, escrita nos anos 1990 (com coprodução do lendário George Martin). A faixa ganhou uma nova introdução e deverá ser a última do álbum. Uma outra faixa, batizada de Long Tailed Winter Bird, abrirá o disco.
De acordo com artista, McCartney III será mais introspectivo e melancólico, com faixas passando do alegre ao ruidoso. Alguns dos equipamentos usados para captar as músicas foram os mesmos que o artista usou em 1971 nos álbuns do Wings. Tanto em McCartney quanto em McCartney II há músicas que remetem a Elvis Presley. Neste também haverá faixas com uma pegada dos anos 1950, potencializadas pelo uso do contrabaixo original do trio Bill Black, de Elvis. O icônico violino Hofner de Paul e um mellotron do Abbey Road Studios, ambos usados em gravações dos Beatles, também foram usados no novo disco.
Em comunicado oficial, ele explicou a dinâmica da gravação. “Eu estava vivendo a vida de lockdown na minha fazenda com a minha família e ia para o estúdio todos os dias. Eu tinha de fazer um pouco de trabalho em músicas pra filmes e isso acabou virando a faixa de abertura e aí, quando ficou pronto, eu pensei, ‘o que vou fazer agora?’. Eu tinha algumas coisas nas quais eu trabalhei ao longo dos anos mas às vezes o tempo acabava e ficava tudo meio pronto então eu comecei a pensar no que eu tinha. Todo dia eu começava gravando com o instrumento com o qual eu escrevi a música e aí gradualmente iria adicionando camadas, foi muito divertido. Foi sobre fazer música para você mesmo ao invés de fazer música que tem que cumprir um trabalho. Então, eu só fiz coisas que eu gostei de fazer. Eu não tinha ideia que isso viraria um álbum.”
View this post on InstagramA post shared by Paul McCartney (@paulmccartney) on Oct 21, 2020 at 9:01am PDT