É difícil imaginar os alemães como um povo oprimido, mas, no início da era cristã, era essa sua situação: a Germânia ocupada pelo Império Romano sofria com impostos escorchantes e punições drásticas a qualquer insubordinação. Sempre divididas entre si, as tribos germânicas definhavam sem conseguir reagir — até que, no ano 9 d.C., Armínio, um chefe dos queruscos que fora criado em Roma como refém, reuniu um punhado de outras tribos em torno de uma ideia ousada: atacar o exército romano e pô-lo para correr. O detalhe: os “bárbaros” somariam na melhor hipótese algumas centenas; os romanos eram 20 000. Essa é a história que Bárbaros (Barbaren, Alemanha, 2020), série que estreou na Netflix no último dia 23, conta muito bem — de como Armínio (Laurence Rupp), que recebera uma educação patrícia, galgara a hierarquia imperial e participava do núcleo de poder do governador Varus (Gaetano Aronica), lembrou quem era de fato ao se ver de volta à Germânia.
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Empolgante e bem filmada, Bárbaros apela ao público que acompanha Vikings e The Last Kingdom — com a qual tem mais parentesco na fidelidade histórica. Os roteiristas fazem um arranjo ou outro, claro: criam um laço familiar entre Armínio e Varus, mudam a data do roubo do estandarte romano que deflagra a ação e criam um cativante personagem fictício, Folkwin (David Schütter), para transformar em triângulo amoroso a relação entre os verídicos Armínio e Thusnelda (Jeanne Goursaud, cheia de presença). Mas recriam tal e qual a tentativa do caviloso Segestes (Bernhard Schütz) de trair Armínio e a estratégia dos germânicos para atacar as três legiões romanas. Acima de tudo, evocam um tipo de comichão capaz de reverberar em qualquer época: o desejo vigoroso de recuperar o mando sobre o próprio nariz.
Publicado em VEJA de 4 de novembro de 2020, edição nº 2711
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