O número de cirurgias eletivas reduziu ao menos 40% devido a pandemia do novo coronavírus no Brasil. Foram feitos 706.077 procedimentos de janeiro a julho, e 1.175.018 no mesmo período de 2019. Os dados são do Sistema de Informações Hospitalares, do Ministério da Saúde.
O levantamento feito pelo Poder360 inclui 16 procedimentos, de pequenas cirurgias a intervenções mais complexas. São realizadas pela rede pública estadual e municipal, ou pagas pelo SUS, em hospitais particulares.
A redução mais significativa foi no Maranhão: houve queda de 56%. Em seguida, estão Piauí (51%) e Paraíba (49%).
Segundo especialistas, pacientes deixaram de ir a hospitais, e muitos leitos passaram a ser usados no combate à covid-19. Em abril, a Anvisa recomendou o adiamento dessas cirurgias.
Mauro Junqueira, secretário-executivo do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde), esclareceu que os hospitais deixaram de fazer cirurgias eletivas. O foco era organizar a rede hospitalar para receber pacientes da covid-19.
“A realização de cirurgias demanda equipamentos de proteção, anestésicos, tudo isso foi direcionado para a covid-19. Nesse período de pandemia, tivemos a falta de medicamentos para intubação, foi necessário suspender todas os procedimentos para que houvesse remédio suficiente”, destacou.
Junqueira acrescentou que a retomada dessas cirurgias pode ocorrer a partir do dia 30 de setembro. O assunto ainda está sendo discutido. No entanto, o país ainda está passando por dificuldades com estoque de medicamentos para intubação.
A professora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) Ethel Maciel, pós-doutora em epidemiologia, acrescenta que o adiamento pode congestionar o sistema de saúde depois da pandemia. Poderá ocorrer acúmulo de pessoas em busca dos procedimentos.
“São cirurgias que não são emergenciais, mas o atraso pode influenciar no prognóstico. Sabemos que isso vai gerar uma fila enorme. No entanto, elas tiveram que ser canceladas porque muitos profissionais ficaram doentes, foram desviados para outros setores”, disse.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
O Ministério da Saúde informou, por nota, que a avaliação do risco-benefício de se realizar o procedimento eletivo deve ser definida pela equipe médica assistencial, em alinhamento com as diretrizes vigentes adotadas pelo estabelecimento, de acordo com as recomendações das secretarias Estaduais e municipais de saúde.
“As secretarias têm autonomia para definir as estratégias mais adequadas de atendimento à população de sua área de abrangência, a partir das características da rede de saúde disponível no território”, informou.
O governo da Paraíba informou, por nota, que todas as cirurgias eletivas foram suspensas desde o primeiro decreto do governo do Estado com relação à pandemia.
“Estamos retornando as eletivas agora em setembro com novos protocolos”, informou.
A Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão esclareceu, por nota, que a rede Estadual suspendeu as cirurgias eletivas no mês de abril por causa do novo coronavírus.
“O retorno das cirurgias eletivas foi regulamentado por uma portaria e a partir deste mês (setembro) foi retomado o programa “Mais Cirurgias”, destacou.
A Secretaria de Saúde do Piauí também informou, por nota, que o Comitê de Operações Especiais da Secretaria de Estado da Saúde retomou as cirurgias e consultas eletivas a partir do dia 9 de setembro.
“De início apenas 30% da capacidade de cirurgias será atendida e 50% de consultas e exames. O crescimento será gradativo no decorrer de cada quinzena e de acordo com a diminuição dos casos de covid-19“, disse.
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